Cientista da Universidade de Coimbra participa em Relatório da Organização Mundial da Saúde apresentado na COP29

O documento descreve as principais ações destinadas a proteger as pessoas, particularmente as que vivem em zonas mais vulneráveis às alterações climáticas.

12 novembro, 2024≈ 5 mins de leitura

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A cientista da Universidade de Coimbra (UC), Mónica Rodrigues, é uma das especialistas que integra o grupo de trabalho coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que elaborou o Relatório Especial sobre Alterações Climáticas e Saúde, apresentado na 29.ª Conferência das Partes (COP29) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, em Baku, no Azerbaijão.

O Relatório Especial da COP29 sobre Alterações Climáticas e Saúde identifica políticas determinantes em três dimensões integradas: pessoas, lugares e o planeta. O relatório descreve as principais ações destinadas a proteger as pessoas, particularmente as cerca de 3,6 mil milhões que vivem em zonas mais vulneráveis às alterações climáticas.

Para a cientista do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da UC, o relatório destaca a importância da governação que integra a saúde na elaboração das políticas climáticas – e a importância do clima na elaboração de políticas de saúde – sendo um elemento essencial para o progresso humano.

O relatório apresenta as seguintes recomendações:

  • fazer da saúde e do bem-estar humanos a principal medida do sucesso climático, de forma a promover o progresso e a garantir uma adaptação e resiliência centrada nas pessoas;
  • acabar com os apoios e a dependência dos combustíveis fósseis, realinhando os sistemas económicos e financeiros para proteger a saúde humana e o ambiente, através do investimento em alternativas limpas e sustentáveis que reduzam as doenças relacionadas com a poluição e as emissões de carbono;
  • mobilizar financiamento para iniciativas de saúde relacionadas com o clima, em especial reforçar a resposta dos sistemas de saúde, e apoiar os profissionais do sector, criando sistemas de saúde resilientes e resistentes ao clima de forma a proteger a saúde e a salvar vidas;
  • investir em soluções comprovadas, desde sistemas de alerta de saúde para o calor, passando por sistemas limpos de energia doméstica, até à fixação eficiente dos preços dos combustíveis fósseis, que permitiriam salvar quase 2 milhões de vidas por ano;
  • dar maior ênfase ao papel das cidades nos resultados de saúde, através de uma conceção urbana mais sustentável, com energia limpa, habitação resistente e melhor saneamento;
  • aumentar a proteção da natureza e da biodiversidade e a sua recuperação, reconhecendo os benefícios sinérgicos do ar puro, da qualidade da água e da segurança alimentar para a saúde.

Para a investigadora do CEGOT, a COP29 constitui um marco significativo no esforço global para integrar a saúde nos planos de ação climática. A saúde é a razão para a ação climática, e a qualidade da saúde o critério para a sua integração nos compromissos de ação climática ou Contribuições Nacionalmente Determinadas (National Determined Contributions, NDC na sigla em inglês), publicados a 7 de novembro, que sublinham a importância de colocar a saúde no centro de todas as negociações, estratégias, políticas e planos de ação sobre o clima, de forma a salvar vidas e a garantir futuros mais saudáveis para as gerações presentes e futuras.

Mónica Rodrigues destaca ainda que, para apoiar os países a integrar melhor a saúde nas suas políticas climáticas, a OMS publicou os seus critérios de qualidade para integrar a saúde nos compromissos de ação climática o NDCs saudáveis. Estas orientações descrevem ações práticas para que os ministérios da saúde, ministérios do ambiente e outros sectores determinantes para a saúde (como por exemplo, os transportes, a energia, o planeamento urbano, a água e o saneamento) integrem considerações de saúde nas suas políticas e ações de adaptação e mitigação.

O relatório está disponível para consulta aqui.