Cortejo Queima das Fitas 2025: animação, calor e lágrimas
Milhares de estudantes do ensino superior e cerca de 100 carros desfilaram desde o Pólo I da Universidade de Coimbra até ao Largo da Portagem.
O dia começou cedo para milhares de estudantes que, ainda durante a manhã, se dirigiram para o Largo da Sé Nova. No penico da Praxe, como assim é chamado, os grelados cumpriram a tradição de queimar as insígnias (grelo) e libertar as fitas, como símbolo do mérito académico e do fim dos estudos. Ao redor, família e amigos acompanharam o momento simbólico na vida do estudante de Coimbra.
"Os meus pais nunca viveram isto, eles não são licenciados, sou o primeiro da família mais próxima a estar na universidade, portanto acho que para eles é um grande sentimento de orgulho", conta Tiago Pereira, aluno da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (UC). A queima do grelo "significa o fecho de um ciclo, é gratificante ver todo o meu esforço recompensado", acrescenta.
"Foram os melhores três anos da minha vida", revela emocionada a estudante da Faculdade de Economia da UC, Khayrah Bengali. Natural de Moçambique, admite que, por um lado, "foram anos de sacrifício, longe da família". Queimar o grelo é "um momento mesmo muito feliz, significa o início de uma vida nova". Do seu percurso na UC leva "pessoas e professores incríveis" que conheceu, uma etapa que considera que a vai "marcar para toda a vida".
Do Pólo I da Universidade de Coimbra até ao Largo da Portagem, o Cortejo da Queima das Fitas espalhou muita festa e animação, mas também sátira e crítica estampadas nos carros alegóricos.
Os finalistas da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC alertam para a falta de apoios concedidos aos atletas de alta competição. "Portugal quer que os atletas tragam medalhas para o nosso país, mas não os ajuda monetariamente, os atletas vão para fora do país mas têm de suportar todos os custos que têm de viagens, hotéis, de alimentação, suplementação", explica o finalista João Pedro Fontes. O dia é já de muita festa mas para "fechar em grande era o meu carro ficar em primeiro lugar na competição".
Para alguns, ter carro de curso já é uma grande vitória. "O meu curso já não tinha carro desde 2017 e nós estivemos dois anos muito longos a tentar angariar esse dinheiro", conta Sofia Monteiro, finalista de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da UC. O carro representa duas licenciaturas, a de Estudos Artísticos e a de Arqueologia, e por isso leva retratada a personagem Indiana Jones, "por ser uma estrela de cinema a representar um arqueólogo". Preocupados com a próxima etapa, a entrada no mercado de trabalho, os finalistas alertam para a falta de investimento na cultura, "o Governo só investe 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto) na cultura enquanto na Europa a média de investimento é de 1%".
O Cortejo da Queima das Fitas coloriu a cidade este domingo, 25 de maio, com cerca de cem carros a acompanhar milhares de estudantes do ensino superior.
Mais informações sobre a Queima das Fitas 2025 podem ser encontradas aqui.
