De volta a casa: Antigos estudantes enchem Coimbra de memórias e saudade

A 31 de maio, a 3.ª edição da Noite do Antigo Estudante na Queima das Fitas foi palco de reencontros emocionantes, tradições vivas e laços eternos que só Coimbra sabe cultivar, num evento que também angariou fundos para apoiar estudantes da Universidade.

KP
Karine Paniza
AB
Ana Bartolomeu
02 junho, 2025≈ 3 mins de leitura

© UC l Karine Paniza

Coimbra voltou a ser casa. A noite de 31 de maio, durante a Queima das Fitas, acolheu a 3.ª edição da Noite do Antigo Estudante, um momento de reencontro que já conquistou lugar próprio no calendário académico.

“A terceira edição da Noite do Antigo Estudante é uma grande alegria”, partilhou o Vice-Reitor para as Relações Externas e Alumni da Universidade de Coimbra (UC), João Nuno Calvão da Silva. “É sinal que a coisa está a pegar”, afirmou com entusiasmo, destacando o caráter solidário e geracional do evento. “É uma noite de solidariedade, de um encontro entre gerações, dos futuros antigos estudantes e dos antigos estudantes à volta da causa solidária, de ajudar os mais desfavorecidos. É uma lição de Coimbra que se vai perpetuando cada vez mais”. O Vice-Reitor lançou ainda um desejo que fez eco nos corações de muitos: “Espero que seja o terceiro ano dos próximos 735 anos.”

A Noite do Antigo Estudante é também um gesto concreto de apoio a quem mais precisa. A Associação Académica de Coimbra (AAC) e a Comissão Organizadora da Queima das Fitas, com o apoio da Universidade de Coimbra e da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra, organizam este evento em nome da solidariedade. Todos os lucros do Dia do Antigo Estudante revertem para o Fundo de Ação Social António Luís Gomes, que visa apoiar financeiramente estudantes, nacionais e internacionais, em situações de vulnerabilidade.

Para muitos dos que regressaram, o dia foi mais do que uma celebração: foi uma viagem ao passado. Ana Gouveia, antiga estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, comemorou 25 anos de licenciatura ao lado de 110 colegas. “O dia já foi excelente. Começámos por colocar uma pedra comemorativa no Penedo da Saudade”, contou. A jornada seguiu com visitas, fotos de praxe, uma missa comemorativa e, claro, convívio no bar da faculdade. “Agora à noite estamos à espera de nos divertir, dançar e relembrar os tempos da queima que nós já tivemos noutros tempos.”

Mas as emoções não se ficaram por aí. Ana Gouveia confessou o sentimento que une todos os que passaram por Coimbra: “Tenho muitas saudades de Coimbra. O sentimento da saudade só existe aqui. Acabamos por encontrar aqui uma verdadeira família”.

Com orgulho, sublinhou: “Coimbra é única. É a única no país que faz estas comemorações.” E recordou ainda que “temos tradições, o nosso traje é único, a nossa pasta é única, as nossas fitas são únicas”.

Também Jorge Machado, antigo estudante da Faculdade de Economia da UC, regressou a Coimbra — vindo do Porto — para celebrar. “Por coincidência, é a primeira vez que venho à noite do antigo estudante, depois de ter acabado o curso, há para aí uns 24 ou 25 anos”, disse. “Mas também já fui a muitas queimas, umas 5000 à vontade.”

O motivo do regresso é claro: “A motivação? Encontrar o pessoal que já não via há algum tempo.” E mais do que encontros de amigos, Jorge Machado revê a própria vida em cada pedra da cidade: conheceu a esposa durante o curso e agora vê o filho dar os primeiros passos na mesma faculdade. “Agora também venho porque o meu filho entrou para Gestão”, revelou.

Apesar das décadas passadas, há algo que nunca muda: “São tantas as lembranças… Trago no coração os tempos das queimas e das serenatas na Sé Velha. Eu cantava, ou melhor, canto fados, e cheguei a ir a umas quantas serenatas também.”

Entre fados, fitas e fotografias, a noite foi mais do que uma comemoração. Foi a prova viva de que Coimbra, mais do que uma cidade, é uma casa onde se volta sempre — com saudade, com amor e com histórias para contar.

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