Herman José recebe Prémio UC 2025: “A partir daqui, não sei mesmo o que me poderá espantar”

A atribuição do Prémio Universidade de Coimbra 2025 a Herman José reconhece a sua trajetória no humor e na cultura portuguesa.

KP
Karine Paniza
AB
Ana Bartolomeu
02 março, 2025≈ 3 mins de leitura

© UC | DCOM

A Universidade de Coimbra (UC) celebrou os seus 735 anos com um dia repleto de solenidade, história e muito humor. A cerimónia ficou marcada pela atribuição do Prémio Universidade de Coimbra 2025 a Herman José, figura incontornável da comédia portuguesa.

O humorista, que há 50 anos faz rir Portugal, foi reconhecido pelo seu impacto na cultura nacional e pela forma como acompanhou, sempre com irreverência, os momentos mais marcantes da história recente do país. Ao receber o galardão, Herman José não escondeu o entusiasmo: "Isto é o mesmo que dizer a um jovem a atravessar o deserto: ‘Queres um copo de água fresquinha?’ É o maior elogio, o maior encantamento que se pode ter. É daquelas coisas que não têm preço, que não se pagam nem se conquistam por lobbies, amizades ou interesses".

Mais do que um reconhecimento pela carreira, o Prémio Universidade de Coimbra 2025 foi também encarado pelo artista como um tributo à liberdade, um valor que considera partilhar com a própria UC,"se há uma coisa que tenho em comum com esta instituição, é essa luta constante por manter as grades das prisões em baixo e preservar este ‘open space’ intelectual".

O humorista, que ao longo de meio século desafiou convenções e marcou gerações com a sua sátira, brincou ainda sobre o impacto que esta distinção pode ter na sua personalidade: "Depois de receber este prémio, este ‘canudo’, sou capaz de começar a ficar um bocadinho insuportável!", disse, entre risos, provando que o humor continua a ser a sua assinatura.

O Reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, fez questão de sublinhar que a escolha de Herman José não foi apenas pela sua capacidade de animar os portugueses, mas pelo profundo contributo que deu à cultura nacional: "Ele não está aqui por ser animado, está aqui pelo valor que tem, pela carreira que tem e pelo muito que deu ao país e a todos nós ao longo destes 50 anos. Acompanhou a democracia, ajudou-nos a rir de nós próprios e isso tem um peso enorme".

Questionado sobre a possível ousadia da escolha de um humorista para um prémio tão prestigiado, o Reitor foi decisivo,"não sou propriamente conhecido por não ter coragem. A vida também é feita de riscos e este valeu – e valerá sempre – a pena".

Ao longo dos séculos, Coimbra tem sido berço de grandes figuras da ciência, das artes e do pensamento. No dia 1 de março celebrou-se um dos seus dias mais importantes, prestando homenagem não apenas à sua própria história, mas também a uma figura que ajudou a escrever – e a rir – a história recente do país.

Com este prémio, a Universidade de Coimbra prova que o conhecimento e o humor podem (e devem) andar de mãos dadas. Afinal, como disse o Reitor, “quando a alma não é pequena, os riscos valem sempre a pena”.

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