Janet Cardiff e George Bures Miller em Coimbra com "A Fábrica das Sombras"

The Anozero Biennial brings the Canadian artists to the 'Solo Show 25' at the Monastery of Santa Clara-a-Nova.

KP
Karine Paniza
AB
Ana Bartolomeu
D(
Diana Taborda (Tradução)
27 março, 2025≈ 3 mins de leitura

© UC | DCM

Coimbra prepara-se para receber "A Fábrica das Sombras", a exposição de Janet Cardiff e George Bures Miller, no âmbito do Solo Show’25 da Bienal Anozero. A mostra, que inaugura a 5 de abril e se estende até 5 de julho, tem lugar no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova e vai contar com 12 obras dos artistas canadianos, incluindo "The Infinity Machine", que será exibida pela primeira vez fora dos Estados Unidos, acompanhada pela já celebrada instalação sonora "Forty Part Motet".

Carlos Antunes, diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) e da Bienal Anozero, destaca a continuidade conceptual entre as edições da bienal e do solo show. "Uma bienal não é sempre o eco da bienal anterior, mas há uma lógica de continuidade". Depois do solo de Ragnar Kjartansson, "pareceu-nos difícil encontrar alguém que pudesse não só estar ao nível daquela extraordinária exposição, mas também conceptualmente ecoar o que foi feito. E foi precisamente a obra seminal de Janet e George, "Forty Part Motet", que serviu de gatilho para esta exposição", explica.

A escolha do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova não é aleatória. O espaço, que atravessou diversas transformações ao longo da história, de convento a quartel militar e, mais recentemente, sede da Bienal Anozero, oferece um contexto único para a obra dos artistas. "O que é maravilhoso em fazer uma exposição aqui é que nunca partimos de uma tábula rasa. Partimos sempre de um edifício carregado de história, que acumulamos à história que os artistas trazem", acrescenta Carlos Antunes.

George Bures Miller destaca a importância da relação entre o espaço e as obras escolhidas para a exposição: "Depois de ver este espaço, pensámos em peças que se encaixariam bem aqui, pois trata-se de um local único. O edifício é impressionante. E é preciso encontrar — e esperamos ter encontrado — as obras certas para realçar o ambiente de uma forma que não entre numa competição mas sim que se integre bem nele".

Janet Cardiff reforça essa relação entre arte e contexto: "Expusemos alguns trabalhos diferentes em locais diferentes, por exemplo, o 'Forty Part Motet' esteve nos Claustros do Museu Metropolitano de Nova Iorque, que é basicamente uma antiga igreja espanhola. É um pouco semelhante. Este espaço [o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova] é verdadeiramente impressionante".

O Vice-Reitor da Universidade de Coimbra para a Cultura, Comunicação e Ciência Aberta, Delfim Leão, enfatiza a importância desta ligação entre a história e o contemporâneo. "A cultura está no ADN da Universidade de Coimbra. A possibilidade de nos associarmos à Bienal e ao Solo Show é uma oportunidade única, porque permite encontrar uma síntese e um equilíbrio entre uma Universidade histórica e a arte contemporânea", afirma.

Para o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, "Coimbra é uma cidade de arte e cultura e a bienal tem projetado o nome de Coimbra no mundo”. “Este ano temos dois grandes artistas a realizar um solo show absolutamente extraordinário e que não temos dúvidas de que trará milhares de pessoas", acrescenta.

A inauguração de "A Fábrica das Sombras" será marcada por um jantar comunitário seguido de uma visita guiada pelos próprios artistas e uma performance musical. Durante três meses, a programação do Solo Show incluirá visitas mediadas, workshops e conversas, proporcionando uma imersão na obra de Janet Cardiff e George Bures Miller e na história do Mosteiro.

Com uma trajetória reconhecida internacionalmente pelas suas instalações sonoras imersivas, Janet Cardiff e George Bures Miller trazem a Coimbra uma experiência sensorial singular. "A Fábrica das Sombras" promete ser um convite à revisitação de memórias individuais e coletivas, consolidando o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova como um dos centros da arte contemporânea em Portugal e na Europa.

Saiba mais aqui.

Detalhes da programação:


O programa de ativação realizado por artistas convidados, que conduzem com o público o percurso da exposição.

18 de abril: Isabel Baraona

2 de maio: Jorge Cabrera

16 de maio: Inês Moura

30 de maio: José Maçãs de Carvalho

13 de junho: Luísa Sequeira

4 de julho: Ricardo Correia

A partir de 12 de abril e em todos os sábados até ao encerramento, realizar-se-ão visitas mediadas (sem precisar de agendamento prévio) entre as 16h00 e as 17h30.

O Anozero disponibiliza ainda, como tem sido habitual, um programa muito especial de formação em arte contemporânea, que combina conteúdos teóricos com experiências de criação. Propõem-se temas transversais que dizem respeito a artistas contemporâneos que trabalham com comunidades e públicos, de forma multidisciplinar.

12 de abril: Poesias sonoras, com Tiago Schwäbl

26 de abril: Percursos como construção em arte, com Sónia Salcedo del Castillo

10 de maio: Artistas, coletivos e territórios, com Marco Paiva, do Coletivo Terra Amarela

24 de maio: Corpo território e cartografias, com Dori Nigro

7 de junho: Repensar o limite da obra, com Ângela Berlindes

21 de junho: Práticas sociais e comunitárias em arte, com Adriana Campos

28 de junho: Fronteiras permeáveis: corpo-objeto-lugar, com Noeli Kikuchi

Estes workshops e experiências criativas acontecem sempre entre as 14:30 e as 17:30 e têm uma lotação limitada a 20 participantes (curso de 5 euros). As inscrições estão abertas através do preenchimento deste formulário.

Conversas e partilhas

Haverá ainda espaço para conversas e partilhas com convidados que, num ambiente participativo, tratam conteúdos que se cruzam na obra de Janet Cardiff & George Bures Miller.

11 de abril: 18h00, Importância do lugar na criação artística, com José António Bandeirinha

25 de abril: 18h00, Projetos e comunidades: arte comprometida com o social, com Cláudia Pato de Carvalho

4 de maio: 17h00–18h00, Happening, com Teatrão

9 de maio: 18h00, Poesia sonora e outros sons, com Luís Pedro Madeira

23 de maio: 18h00, Artistas que coletam objetos para criação, com Filipe Feijão e Bárbara Fonte

31 de maio: 18h00, Apresentação da Residência Artística com Coletivos Mediadores – «arte contemporânea e outras transdisciplinares», com Cristina Janicas, Jorge Cabrera e Maria Jorge Ferro

6 de junho: 18h00, Inconsciente e sonhos na obra de artistas contemporâneos, com Margarida Pedrosa de Lima

20 de junho: 18h00, O lugar do público, com Fernando Matos Oliveira e Ricardo Seiça

27 de junho: 18h00, Literatura e outras artes, com Manuel Portela

27 de junho: 18h00–19h00, Coro das Mulheres da Fábrica

Partilhe