Reitor da UC quer "cumprir as expetativas dos novos membros da comunidade académica"

A cerimónia de Abertura Solene das Aulas do ano letivo 2024/25 na Universidade de Coimbra contou com os discursos do Reitor, Amílcar Falcão, e do Presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra, Renato Daniel. Lígia Salgueiro, Professora Catedrática da Faculdade de Farmácia, proferiu a Oração de Sapiência.

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Ana Bartolomeu e Rui Marques Simões (texto)
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Karine Paniza
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Paulo Amaral (fotografia)
02 outubro, 2024≈ 4 mins de leitura

© UC | DCOM

Foi na Sala Grande dos Atos (Sala dos Capelos), "sob o olhar atento da realeza que governou o nosso país até à implantação da República Portuguesa em 1910", que decorreu a cerimónia de Abertura Solene das Aulas do ano letivo 2024/25 na Universidade de Coimbra (UC).

O ano letivo que agora começa "ficará indelevelmente marcado pelo cruzamento de um conjunto de efemérides importantes", começa por referir o Reitor da UC, Amílcar Falcão. Às datas já assinaladas em 2024 – os 50 anos da Revolução dos Cravos e os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões – juntam-se "as comemorações dos 700 anos da morte d’el Rei D. Dinis e os 735 anos da fundação da primeira universidade portuguesa pelo mesmo soberano."

Momentos históricos que não desviam a atenção do Reitor da UC dos novos estudantes, docentes, investigadores e elementos do corpo técnico, a quem garante que "a instituição tudo fará para cumprir com as legítimas expetativas que vos levaram a escolher esta comunidade académica como vossa casa para o percurso que pretendem trilhar."

Numa análise ao Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, Amílcar Falcão avança que a UC, em comparação com anos anteriores, atingiu melhores resultados "na atração dos 25% melhores estudantes, de 9.4 para 9.6%". Também o Índice de Excelência (rácio entre número de candidatos em 1.ª opção com nota de candidatura igual ou superior a 17 valores versus número de vagas iniciais disponíveis) "subiu de 31.8 em 2023 para 35.5 neste ano." A Universidade de Coimbra mantém-se, assim, como uma das instituições de ensino superior mais procuradas: "a taxa de ocupação situa-se acima dos 97%, sendo que quase 90% escolhem a UC nas três primeiras opções", revela Amílcar Falcão.

A reforma pedagógica é "a prioridade das prioridades" do Reitor da UC. "O mundo mudou", recorda, "a nós cabe também acomodar e acompanhar essas mudanças." Amílcar Falcão admite que a reforma poderá passar por "encerrar", "fundir" ou "criar" cursos. Entre todas as opções, o que interessa é "tornar sempre mais atrativa a nossa oferta pedagógica", assegurou.

No discurso, o Reitor da UC também deixou fortes críticas à forma como o programa FCT-Tenure foi lançado para tentar resolver o problema do emprego científico: "Como se todo o processo não fosse em si já profundamente preocupante, o próprio modus operandi é singular no sistema científico nacional, podendo ser considerado como um dos atentados mais ferozes (senão mesmo o mais feroz de que há memória) à autonomia das instituições, especialmente se nos focarmos na gestão de ciência."

Amílcar Falcão apelou também à resposta das forças vivas no combate à falta de habitação estudantil. "A UC não pode ajudar a cidade se a cidade não se mobilizar para ajudar a UC", sublinhou.

E reiterou que as atividades da Praxe não devem conter qualquer mensagem de intolerância ou discriminação. "Se não houver a capacidade de praxar sem que isso signifique atropelos aos mais básicos direitos humanos e valores humanísticos, então não se admirem que um dia esses comportamentos desviantes acabem com a Praxe, pagando o justo pelo pecador", alertou o Reitor da UC.

Reveja a cerimónia na íntegra aqui:

A disseminação do ódio e do populismo, a instabilidade geopolítica, a crise da habitação são alguns dos "desafios globais dos estudantes" que a muitos "agrava a ansiedade quanto ao seu futuro", alerta o presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra, Renato Daniel. Perante este panorama nacional e global, a UC deve continuar a ser "bastião de pensamento livre e crítico, e um espaço de promoção da paz, da justiça e da verdade", defende.

O representante da comunidade estudantil da UC apela também ao reforço da ligação entre Universidade, Câmara Municipal e Associação Académica, "de modo a que Coimbra se afirme como um verdadeiro polo de inovação e de conhecimento". "Só assim ganhará a academia, a cidade e, sobretudo, os estudantes", conclui.

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