Mimesis: TRIEI dá visibilidade aos “invisíveis”
Perfomance decorre a 10 de maio na Rua Adelino Veiga, em plena Baixa de Coimbra, até às 22 horas.
"TRIEI: Trienal dos espaços invisíveis" é um projeto que pretende chamar a atenção para “dois corpos invisíveis: o corpo arquitetónico” da Baixa de Coimbra, “que está abandonado e se deteriorando,” e os corpos humanos que são “os imigrantes, os negros, os indígenas e aqueles que são invisíveis por uma série de questões”, explica o curador, Nelson Ricardo Martins. Por outras palavras, TRIEI “traz para um corpo arquitetónico invisível o corpo humano visível, mas que também está invisibilizado.”
A TRIEI acontece na Rua Adelino Veiga, durante este sábado, 10 de maio, com atividades e exposições ao longo de toda a via. Nelson Ricardo Martins destaca a performance “É sem título, porque é invisível”, na qual o artista Hamilton Francisco Babu passa o dia numa vitrine de uma loja, como se fosse o seu atelier. “Estou objetificando e transformando em produto uma situação, tem uma metáfora para as pessoas refletirem sobre a questão do invisível”, explica Nelson Ricardo Martins.
No início da rua, junto à Praça do Comércio, está exposto o “Mural da Invisibilidade”, um trabalho de Pedro Pousada com “pinturas de seres meio máquinas, meio arquitetura”. Segue-se Lady Brown, acabada de chegar de São Paulo, que está a pintar um graffiti. Durante a tarde, António Olaio atua com Vitória Negreiros & André Martins, “num encontro entre duas gerações”.
Além da “invisibilidade dos corpos”, os artistas convidados abordam outras questões, como o machismo, trazida por Adrián Montenegro, que vai fazer “um cachorro com espuma”, numa intervenção urbana que reflete “a forma como concebemos o cuidado no espaço doméstico”. O artista Ed Freitas irá construir uma “coluna de croché até ao teto da LojaZero, numa instalação que remete para a feminilidade e para o seu universo materno”.
Estes são apenas alguns destaques de um dia que promete encher a Rua Adelino Veiga de arte e de vida. TRIEI é também “uma crítica ao mercado da arte que dita todos os modismos”, porque na opinião de Nelson Ricardo Martins “a arte acontece no dia-a-dia e deveria acontecer muito mais na rua”, numa defesa pela “democratização da arte”.
Saiba mais sobre a 6.ª edição do Ciclo de Teatro e Artes Performativas – Mimesis da Universidade de Coimbra aqui.
Performance l 1ª TRIEI (Trienal de Espaços Invisíveis)
Organização: Nélson Martins c/ Colégio das Artes da UC e Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra
Local: Rua Adelino Veiga
A 1ª TRIEI - Trienal de Espaços Invisíveis, idealizada e com curadoria de Nelson Ricardo Martins, acontecerá em espaços urbanos latentes, através de performances, ações/intervenções urbanas e projeções de vídeo. Atravessada pelo manifesto “vamos ocupar as lacunas”, a Trienal propõe intervenções artísticas em becos, esquinas, lojas e montras devolutas, fachadas de edifícios desocupados, muros degradados, entre outros espaços que habitam o limbo urbano. O projeto conta com a participação de artistas provenientes da Colômbia, de Angola, de Portugal e do Brasil: Adrián Montenegro (Colômbia),Hamilton Francisco Babu (Angola), António Olaio (Angola/Portugal), Pedro Pousada, Élia Ramalho (Portugal), Ed Freitas, Lilian Walker, Thales Luz e Vitória Negreiros (Brasil). A iniciativa decorre das 10h00 às 22h00.
Para todos os públicos